terça-feira, 26 de março de 2013

Arte com mídias locativas:


Existe um conjunto de tecnologias e serviços baseados em localização (Localization based technologies ou LBT e localization based services ou LBS, respectivamente). Enquanto celulares, netbooks, GPS, QR Codes, Wi-Fi, bluetooth e outros são exemplos das tecnologias, mapeamentos, redes sociais móveis, games, realidade aumentada e mais tantos são exemplos desses serviços. No entanto, para que sejam classificados como mídias locativas, devem utilizar como parte fundamental do processo o contexto informacional daquilo que está sendo “localizado”. Assim sendo, essas mídias possuem quatro funções:
RMARealidade móvel aumentada: Em 1997, Ronald Azuma definiu a realidade aumentada (RA) como um ambiente que envolve tanto realidade virtual como elementos do mundo real, criando um ambiente misto em tempo real. Sua funcionalidade móvel faz com que, quando a câmera do celular é apontada para um objeto que seja reconhecido pela RA, este é substituído por gráficos 3D enquanto o resto continua normal.
drawMapeamento e monitoramento de movimento: Através dos dispositivos móveis, pode-se mapear e monitorar o espaço urbano, podendo-se construir um percurso específico.
Geotags: Dentre várias possibilidades, a principal é a localização de lugares no mapa múndi com o objetivo de agregar informação em mapas para serem acessadas através de motivos fósseis.
Anotações urbanas: Utilizam-se os dispositivos móveis para indexar informações aos lugares. Com isso, surgiu a arte feita com mídias locativas. Ela utiliza o espaço urbano e as novas tecnologias, tendo como objetivo levantar diversas questões sobre este espaço, mobilidade, vigilância, controle e monitoramento.
Desenho feito por Jeremy Wood usando GPS. Ele percorreu cerca de 67 km de bicicleta.
Desenho feito por Jeremy Wood. Ele percorreu cerca de 67 km para fazer, rastreando seu percurso com um GPS.
Herdando características de outras artes, na feita com mídias locativas o lugar passa a ser representado por suas dimensões física, social, cultural, simbólica e dos novos bancos de dados eletrônicos. Segundo a enciclopédia do Itaú Cultural, os primeiros projetos eram relacionados a escrita ou desenhos através do GPS, citando como exemplos os trabalhos de Jeremy Wood, “GPS Drawing”, ou de Ester Polak, “Amsterdam Realtime”. No entanto, atualmente a variedade é tão grande que existem muitas classificações diferentes, e o número continua crescendo:
Anotações urbanas eletrônicas: escrita eletrônica no espaço indexando dados digitais a um determinado lugar, com conteúdo diversos como os projetos “Yellow Arrow”, “Sonic City”, “MurMur”.
Os participantes do Yellow Arrow colam adesivos de setas amarelas com códigos especiais para chamar a atenção sobre algum lugar. Ao enviar um SMS para o número do código, os autores conectam àquele lugar alguma mensagem. Quando alguém passa, envia o código para um telefone via SMS e automaticamente recebe a mensagem.
Os participantes do Yellow Arrow colam adesivos de setas amarelas com códigos especiais para chamar a atenção sobre algum lugar. Ao enviar um SMS para o número do código, os autores conectam àquele lugar alguma mensagem. Quando alguém passa, envia o código para um telefone via SMS e automaticamente recebe a mensagem.
Vigilância e monitoramento: projetos que mostram os perigos e ameaças das novas tecnologias à privacidade e ao anonimato como “Set to Discoverable” do grupo LOCA, “Disconnected” de Susan Hartig, “Tracking Transient” de Hasan Elahi, “Life. A User’s Manual” de Michelle Teran.
A tenda do projeto "Disconnected", de Susan Hartig, é revestida com um material "e-blocker", que a deixa isolada de radiações e campos eletromagnéticos.
A tenda do projeto “Disconnected”, de Susan Hartig, é revestida com um material “e-blocker”, que a deixa isolada de radiações e campos eletromagnéticos.
Mapeamentos e etiquetas geográficas: produção de cartografias diversas, vinculando informações como dados biométricos, fotos, textos, vídeos e sons a mapas ou conjunto de mapas ressaltando características muitas vezes invisíveis dos lugares como “GPS Drawing”, “Urban Tapestries”, “Amsterdam Real Time”, “Milk”.
O projeto, de autoria de Esther Polak e Kee Jeroen, rastreia os movimentos de diversas pessoas por Amsterdam, demonstrando-os em tempo real sobre uma tela preta.
O projeto, de autoria de Esther Polak e Kee Jeroen, rastreia os movimentos de diversas pessoas por Amsterdam, demonstrando-os em tempo real sobre uma tela preta.
Jogos Computacionais de Rua: jogos onde parte importante da trama se dá no espaço urbano com o uso de LBT e LBS. Esses jogos têm uma forte conotação artística, como podemos ver principalmente nos trabalhos do grupo Blast Theory (“Uncle Roy All Around You”, “Can You See Me Now”, “Rider Spoke”).No entanto, novos formatos vêm surgindo como as narrativas literárias com GPS ou mesmo filmes. Em ambos os casos fruir a trama necessita do deslocamento do usuário pelo espaço urbano. Exemplos são os projetos “GPS Film”, “230 Miles of Love” ou “Nomadic shopping”.
Can You See Me Now foi desenvolvido pelo grupo inglês Blast Theory com a colaboração do Mixed Reality Lab, da Universidade de Nottingham. Enquanto alguns jogam online em uma cidade virtual, os membros do Blast Theory estão perseguindo-os na cidade real. O objetivo é não ser encontrado pelos perseguidores (ou runners).

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